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Qual o Perfil Pelo Eleitor que Influenciará na Escolha na Hora de Votar em Candidatos a Vereador?

02/03/2012

Parte I – A câmara Municipal de Porto Alegre

 Em outro momento o poeta Mário Quintana sentenciou: a esperança é um urubu pintado de verde. Conforme pesquisa realizada pelo Gallup World Poll, a nossa satisfação com a vida, no Brasil em média em 2009 era 8,7 numa escala de 0 a 10. Dos Países do BRICS a mais alta: África do Sul (5,2), Rússia (5,2), China (4,5) e Índia (4,5). Mais inacreditável, o Brasil é o único dos BRICS que melhora no ranking mundial de felicidade, saindo do 22o lugar em 2006 para 17o em 2009 entre 144 países.

Na espera do dia que compartilharemos o prato de morangos, vamos nos mantendo no ápice das cordilheiras no que diz respeito a crença na felicidade futura. Somos o país recordista neste aspecto. Numa escala de 0 a 10 o brasileiro dá uma nota média de 8,70 à sua expectativa de satisfação com a vida em 2014 superando todos os demais 146 países da amostra cuja média é 5,6.

O número de integrantes da Câmara Municipal de Porto Alegre é de 36 vereadores, como uma previsão orçamentária para 2010 de R$ 78.754.000, um gasto por cadeira de R$ 2.187.611, o que daria por habitante do município a quantia de R$ 54,84. Você sabe quanto custa um vereador na França? R$ 2,8 milhões e no Canadá? R$ 2,3 milhões. Quer dizer, temos gasto com nossos parlamentares, próximo ao que países de primeiro mundo investem com osdeles.

Cada vereador recebe 14 salários por ano, dois deles são a título de “ajuda de custo”. Eles também têm o direito de nomear até seis assessores parlamentares por comissão, o que pode custar até quase o dobro dos seus salários. Veja que mesmo assim, grande parte da Câmara não está muito imbuída com o trabalho. Temas essenciais para todos nós, como é o caso das comissões temáticas, verifica-se que a assiduidade real dos vereadores não é grande. Por exemplo, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, levando em conta onze meses analisados, nada menos de 36 reuniões ordinárias e nove extraordinárias deixaram de ocorrer por falta de quórum.

Conforme dados de 2008, dos 35 dos atuais 36 integrantes da Casa concorreram à reeleição em 2008. Desses, 14 concorreram nas eleições gerais de 2006, dispondo- se, portanto, de informações sobre o patrimônio que declararam na época. Ao se bater uma declaração com a outra é possível constatar que os parlamentares obtiveram no período de seus mandatos uma variação patrimonial média de 19% (ver detalhes em www.excelencias.org.br/ @patrimonios.php). Entre eles, cinco vereadores enriqueceram mais de 40% ao longo dos dois anos.

Para Marenco e Serna (2007, p.103) “o primeiro cargo público constitui um rito significativo que oferece informação relevante não só sobre as condições e os recursos disponíveis no início da carreira politica, mas também sobre o grau de sua dependência em relação às organizações partidárias”. É significativamente importante discutir essa eleição, pois grande parte dos políticos brasileiros são de carreira e fazem sua estréia como vereadores. O voto aleatório ou displicente, não é apenas aleatório ou displicente, pode se converter no estímulo para mais um ladrão e corrupto. Em depositar confiança num preguiçoso que o investimento é igual ao dos países do primeiro mundo e que em troca receberemos um serviço que é um lixo. MARENCO identifica duas formas de entrada na política: Um padrão de carreira endógeno significa entrada em postos mais baixos, com maior treinamento na vida política, muitas vezes significa uma militância prévia no partido, para somente depois concorrer a cargos eletivos; A outra estudada pelo autor é a entrada lateral que se caracteriza pela condição de outsider da vida política, quer dizer, candidatos com grande reconhecimento na mídia, com nome na política ou grandes empresários que logo concorrem a deputado federal ou estadual.

As eleições de 2010 também nos mostram um dado muito importante. Nessas eleições, sete vereadores com mandato em exercício no seu município conquistaram a cadeira de deputado estadual. Todos eles tiveram seus mandatos em municípios diferentes e eles estavam entre os quinze maiores colégios eleitorais do estado. O que é significativo mais uma vez a importância da nossa consciência política nessa matéria, pois Porto Alegre é o maior colégio Eleitoral do Estado. Ser vereador aqui é solidificar a carreira política e estabelecer perspectivas para uma escalada a cargos superiores.

Nas próximas eleições de 2012 cerca de 50% do eleitorado estará na faixa entre 16 e 35 anos. Todos os partidos no próximo pleito irão querer encantar os mais jovens. Com isso já há um cenário estabelecendo uma renovação nos quadros dos candidatos, por exemplo, em Porto Alegre, o surpreendente apoio que o PT de Tarso Genro, está inclinado a dar para candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB-RS). O que ocorre é uma pressão que vem de fora dos partidos para a mudança na política por parte dos eleitores e mais, que essa nova geração, primeira pós-ditadura, não traga os vícios da anterior.

De forma geral os porto-alegrenses estão cansados com os escândalos na política e a repetição de práticas e vícios que há anos expõem os partidos e os políticos, o que está conduzindo as bancadas e os partidos a saírem dos velhos jargões e tratarem de serem inovadores, não apenas na forma de abordar as temáticas, bem como, nos nomes que podem encantar esses jovens eleitores. A ampla pesquisa do PSDB encomendada ao Ipespe, do sociólogo Antonio Lavareda, mostra claramente que a população brasileira anseia por novidades, que é preciso fugir dos nomes já muito conhecidos e batidos.

Até que enfim caiu a ficha no que diz respeito atuação política, os partidos passam a ter consciência, mesmo que seja para angariar votos, que também devem acompanhar o que motiva o crescimento pessoal e profissional do cidadão: a inovação. Mais que um passo crucial, é uma eleição histórica, pois onde a inovação é acolhida como caminho também se abre uma estrada azul para que o poder seja menos apegado ao seu próprio poder. A Inovação em si é um mecanismo de renovação inexaurível.

Vamos nos interessar pelo pleito, afinal quem comanda?

Paulo Ricardo Silva Ferreira, Ph.D

Educador Facilitador. Presidente do Instituto Eckart Desenvolvimento Humano e Organizacional. Doutor em Ciências Empresariais pela Universidade de Leon/Espanha, administrador de empresas, curso de psicologia, pós-graduado em administração hospitalar. Professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação. Consultor em estratégia empresarial, desenvolvimento organizacional (DO), comportamento, mudança intervencionista e inteligência empresarial da Eckart Consultoria. Presidente da Fundação dos Administradores do Rio Grande do Sul. Palestrante nacional destacado pela abordagem multidimensional das organizações, abordando temas como valores humanos, ética, comportamento e desenvolvimento humano continuado e pensamento estratégico.

Redator: Sander Machado
Profissional de comunicação, redator. Coordenador do Núcleo Celebração do Instituto Eckart. Diretor Criativo da ILê Comunicação. Entre outros prêmios já conquistou Top Nacional de MARKETING ADVB, ESPM/RS, Mérito Lojista,

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